Por que evitar discussões é a melhor estratégia?
Nosso corpo e mente têm uma tendência natural a reagir com estresse, raiva, rancor e outros sentimentos negativos — especialmente quando estamos lidando com outras pessoas.
Conflitos, opiniões divergentes e atitudes impensadas costumam nos afetar profundamente. Mas, diante disso, como encontrar a verdadeira paz? Ela realmente é possível, mesmo em meio às tensões do dia a dia?
Por que nos irritamos tão facilmente?
Às vezes, o óbvio precisa ser dito: por que ficamos irritados, estressados ou tomados pela raiva em determinados momentos? Do ponto de vista da química do cérebro, essas emoções estão diretamente ligadas ao desequilíbrio de neurotransmissores como a serotonina (associada à sensação de bem-estar) e a dopamina (relacionada ao prazer e à motivação).
Quando essas substâncias estão em baixa ou desreguladas, seja por cansaço, frustração ou influências externas, nosso humor é facilmente abalado. Pense em um dia exaustivo: o corpo está cansado, a mente sobrecarregada. Nesse estado, até um simples cumprimento que alguém te der pode parecer um esforço enorme para demonstrar bom humor.
Além disso, frustrações, decepções e até injustiças vividas no convívio social ou no cotidiano contribuem para esse acúmulo de tensão. A raiva, portanto, raramente surge do nada. Ela quase sempre tem uma origem, enraizada nas circunstâncias que enfrentamos, sejam elas físicas, emocionais ou sociais.
Coisas que estão em nosso controle
Diante da raiva e do estresse, muitas vezes nos sentimos impotentes. Mas será que realmente estamos? O filósofo estoico Epiteto dizia:
“Não são as coisas que nos perturbam, mas a opinião que temos sobre elas.”
Essa frase simples carrega uma verdade poderosa: existem fatores da vida que estão além do nosso alcance, como o comportamento dos outros, as circunstâncias inesperadas ou as críticas injustas, mas também há aqueles que estão totalmente sob nosso controle.
Entretanto, sobrarão duas escolhas: gastar a energia do corpo com uma discussão supérflua ou tentar realmente entender o que acontece e como reagir de forma que não machuque a si mesmo e nem ao próximo.
Nossos pensamentos, reações, atitudes e interpretações pertencem a nós. Não podemos escolher o que acontece, mas escolhemos como responder ao que acontece. E é justamente nessa escolha que mora a liberdade interior e, muitas vezes, a paz.
Ao tomar consciência do que está sob nosso domínio, conseguimos agir com mais sabedoria. Por exemplo:
- Podemos controlar o tom com que respondemos, mesmo irritados.
- Podemos escolher o silêncio em vez do confronto desnecessário.
- Podemos respirar fundo antes de reagir impulsivamente.
- Podemos mudar a forma como interpretamos uma situação, vem todos os lados e compreendendo que há a chance de estar julgando mal aquilo.
Praticar esse autocontrole não significa ignorar emoções, mas sim escolher não ser dominado por elas. Quando nos concentramos no que de fato está ao nosso alcance, deixamos de desperdiçar energia tentando mudar o outro e começamos a transformar a nós mesmos.

Fale para não explodir
Engolir sentimentos pode parecer, à primeira vista, uma forma de evitar conflitos. Mas, com o tempo, o silêncio se transforma em um barril de pólvora prestes a explodir.
Quando não expressamos o que sentimos de uma maneira saudável, nossa mente e nosso corpo acumulam tensão, frustração e angústia e, inevitavelmente, tudo isso encontra uma saída. A questão é: Mesmo quando precisamos falar quando alguém nos desrespeita, ou critica sem precisar, será que estamos escolhendo a forma certa de liberar o que está dentro de nós?
Um exemplo marcante vem da psicologia infantil. Muitos pais levam seus filhos pequenos a psicólogos esperando que eles “corrijam” certos comportamentos. Acham que a criança precisa mudar, ser mais calma, obediente ou controlada, mesmo sabendo que ela “acabou de aterrissar na terra”.
No entanto, a maioria dos especialistas concorda: a criança, muitas vezes, é apenas um reflexo do ambiente em que vive. Ela não aprendeu a esconder o que sente, então, expressa tudo de forma intensa, como se fosse um espelho emocional do lar.
O que chamamos de “birra”, “grito” ou “rebeldia” pode, na verdade, ser a forma pura e honesta que uma criança tem de manifestar dores que nem ela compreende. E essas explosões, que tanto assustam os adultos, revelam o que os próprios pais muitas vezes não dizem ou não conseguem lidar.
Esse exemplo vale para todos nós. Quando não falamos sobre o que sentimos, quando não nomeamos nossa dor ou não colocamos limites, aquilo que está guardado começa a aparecer em outras formas: irritação constante, impaciência, insônia, agressividade ou até doenças físicas.
Por isso, falar não é fraqueza, é inteligência emocional, e assim lidamos melhor com as pessoas ao redor, e demostramos sem muito esforço amor e compaixão.

Bem-aventurados os pacificadores
Há muitas escrituras que falam sobre a “ira” e em um mundo onde as discussões são constantes e os ânimos frequentemente se acirram, a paz tão falada nos versículos, se torna um bem precioso.
Muitas vezes, caímos na tentação de reagir impulsivamente, de defender nossa posição com unhas e dentes, sem pensar nas consequências. No entanto, é importante lembrar que a verdadeira força não está na imposição da própria vontade, mas na capacidade de saber quem você é e aceitar que se as coisas saírem do controle, nada estará perdido.
No Sermão da Montanha, Jesus Cristo diz claramente quem são os “bem-aventurados” e como serão abençoados, de acordo com a vontade do Pai Celestial, que pode estar conforme o desejo do coração dessas pessoas. Em Mateus 5:9 diz:
“Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus.”
Essa frase é um convite para a reflexão sobre a importância do papel daqueles que buscam a reconciliação, que preferem o diálogo à briga e a compreensão ao julgamento. Os pacificadores são aqueles que, ao invés de adicionar combustível ao fogo, trabalham para apagar as chamas da discórdia. Eles são, de fato, agentes de transformação em um mundo que precisa de mais compreensão e união.
Seja aço e veludo com sabedoria
Mesmo que digam que os “bonzinhos” não sobrevivem ao mundo, estes serão muito abençoados. Não devemos ter vergonha de sermos bons. E como guerreiros, saberemos a medida de “ser aço e veludo” quando necessário.
Se está se sentindo sobrecarregado, o Pai e o Salvador disponibilizaram maneiras de curar um “espírito contrito e um coração quebrantado”. Busque um familiar que te aconselhará, busque um bom amigo ouvinte que te ajudará, converse com seu bispo sobre a situação que passa, e ache um psicólogo que te ajudará a entender a si mesmo. E busque a Cristo acima de todas as coisas.
O Redentor foi o homem que morreu por todos, até porque aqueles que o odiavam. Ele poderia ter feito “o fogo descer do céu” para castigar aquelas pessoas, mas Ele as viu como Deus as vê.
Somos todos seres humanos errando todos os dias, e brigar com seu próximo não resolve nada no final. Por isso devemos ser pacificadores, para que a paz prevaleça no nosso ambiente e dentro de nós.
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