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Acreditamos que podemos nos tornar deuses e deusas?

Desde pequena, me diziam que eu era a cara do meu pai. O jeito de olhar, o sorriso meio torto, até a cara mais séria — tudo lembrava ele. Mas outro time de pessoas também dizia que eu era a cara da minha mãe. Que tinha seu jeito de sorrir, de falar e até a mesma voz ao telefone. 

Em ambos os lados, nossas similaridades não eram só na aparência. Crescendo ao lado deles, fui aprendendo a gostar das mesmas coisas, a reagir de formas parecidas, a ver o mundo com lentes que se pareciam muito com as dos dois Era inevitável: por ser filha da minha mãe e o meu pai, eu carregava deles não só meu nome, mas também traços de suas essências.

Essa experiência sempre me faz pensar em algo maior. Se somos filhos espirituais de um Pai Celestial amoroso, então não deveríamos também refletir a natureza Dele? Será que, ao andarmos com Ele, passamos a agir, pensar e amar como Ele?

Como Santos dos Últimos Dias, acreditamos que sim. Que ser filho ou filha de Deus não é apenas um título bonito — é ter uma identidade divina. E mais do que isso: é um convite constante para nos tornarmos mais como Ele.

Nos tornar como Deus: deuses e deusas

Assim como carrego traços e herdo características de meus pais na mortalidade, como membro de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, aprendi que homens e mulheres têm potencial divino e que, por meio da Expiação de Jesus Cristo e da obediência aos princípios do evangelho, podem se tornar como Deus. 

Mas essa crença vem com nuances, e é isso que exploramos a seguir.

Enquanto muitas tradições religiosas consideram o termo “filhos de Deus” como uma metáfora, os Santos dos Últimos Dias veem essa identidade como algo literal e profundo. No site oficial da Igreja em Textos sobre os Tópicos do Evangelho lemos: 

“Cada um de nós tem origem eterna e ‘é um filho (ou filha) gerado em espírito por pais celestiais que o amam’”.

Essa crença molda toda a visão que a Igreja tem da vida mortal, do propósito da existência e da eternidade. Se somos filhos espirituais de pais celestiais, então herdamos potencial para nos tornar como Eles — ou seja, seres glorificados, capazes de viver como Deus vive.

estudo individual das escrituras

Uma crença fundamentada nas escrituras

Essa doutrina não surgiu do nada, ela é ensinada tanto na Bíblia quanto em revelações modernas. Por exemplo, no livro de Salmos, lemos

“Eu disse: Vós sois deuses, e todos vós sois filhos do Altíssimo”. 

E o próprio Jesus Cristo citou essa escritura quando foi acusado de blasfêmia, ao dizer

“Não está escrito na vossa lei: Eu disse: Sois deuses?”

Além disso, os apóstolos ensinaram que somos herdeiros de Deus. Paulo escreveu

“E se nós somos filhos, somos, logo, herdeiros também, herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo”

Na Igreja de Jesus Cristo aprendemos a interpretar essas passagens literalmente. Com o auxílio das revelações recebidas por Joseph Smith, entendem que essas escrituras “expressam diretamente a natureza e o potencial divinos da humanidade”.

A doutrina da exaltação

A doutrina da exaltação explica melhor a crença de que os seres humanos podem se tornar deuses. Em Doutrina e Convênios 88 aprendemos que:

“Os santos encher-se-ão com sua glória e receberão sua herança e serão igualados a ele”.

Essa exaltação é descrita como “a gloriosa recompensa de receber a herança completa como filhos do Pai Celestial”.

Mas o que isso significa? A exaltação envolve mais do que apenas salvação ou vida após a morte. É o destino final daqueles que aceitam os convênios sagrados, seguem Jesus Cristo e vivem de maneira fiel. 

Aprendemos em Doutrina e Convênios 88, uma revelação recebida por Joseph Smith, que aqueles que guardam esses convênios “serão deuses, pois não terão fim”.

Ainda que essa crença pareça incomum para muitos cristãos hoje, há evidências de que era mais aceita nos primeiros séculos do cristianismo. 

Ainda no site oficial da Igreja, o artigo “Tornar-se como Deus” explica que teólogos antigos falaram abertamente sobre a possibilidade da deificação. 

Clemente de Alexandria, por exemplo, escreveu: “o verbo de Deus se tornou homem, para que pudesse aprender com o homem como o homem pode se tornar Deus”. Basílio, o Grande, também falou sobre “se tornar Deus”.

Embora o cristianismo ocidental tenha dado menos destaque a essa doutrina com o tempo, a ortodoxia oriental manteve-a essencial e a Igreja de Jesus Cristo voltou a ensiná-la por meio das revelações de Joseph Smith.

A divindade e o potencial para ser deuses e deusas

Em uma das mais marcantes declarações proféticas sobre o assunto, Joseph Smith ensinou: “Vocês precisam aprender a ser um deus por si mesmos”. 

Joseph Smith ensinou isso em um discurso conhecido como o discurso de King Follett. Nele, o profeta declarou que Deus “já fora como um de nós” e que os seres humanos “são capazes de progredir” até serem “exaltados” com Ele. Joseph ensinou que essa progressão é possível por meio da obediência às leis do evangelho e da fé contínua em Cristo. 

A crença de que podemos nos tornar deuses e deusas não é um convite ao orgulho, mas à humildade e ao esforço contínuo para ser mais semelhantes a Cristo. Como no artigo Tornar-se como Deus: 

“O desejo de nutrir a divindade de Seus filhos é um dos atributos de Deus que mais inspira, motiva e torna humildes os membros da Igreja”.

Essa doutrina transforma a maneira como os santos dos últimos dias veem a si e aos outros. Se todos têm potencial divino, então todos têm valor eterno.

Conclusão

Portanto, sim, como Santos dos Últimos Dias, acreditamos que podemos nos tornar deuses e deusas. Essa crença está enraizada nas escrituras, reforçada por revelações modernas e apoiada pelo entendimento de que somos literalmente filhos de Deus, com potencial para herdar tudo o que Ele deseja nos dar. 

Mas lembre-se, isso não é algo que nos traz superioridade. Na verdade, é um convite para crescer espiritualmente e se entender como alguém que, assim como herda características de seus pais na mortalidade, tem o potencial de herdar as características de Seu Pai Celestial.

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